sábado, 31 de maio de 2014

Oque é Convergência Tecnológica

Convergência tecnológica
 É um termo que, de uma maneira geral, é utilizado para designar a tendência de utilização de uma única infraestrutura de tecnologia para prover serviços que, anteriormente, requeriam equipamentos, comunicação, protocolos e padrões independentes. Faz-se para permitir que o utilizador aceda às informações de qualquer lugar e através de qualquer meio de comunicação por uma interface única e as suas evidências revelam-se em muitos sectores - na economia, na comunicação e na produção, entre outros. O Deutsche Bank Research define convergência como "um processo de mudança qualitativa que liga dois ou mais mercados existentes e anteriormente distintos”.
As tecnologias envolvidas no processo de convergência são, de forma geral, tecnologias modernas de telecomunicações tais como rádio, televisão, redes de computadores e de telefonia.
Embora todos os horizontes apontem agora para outro tipo de convergência, mais alargada e cujas oportunidades de aplicação são ainda mais abrangentes do que as da Web, o encontro entre a nanotecnologia, biotecnologia e tecnologia da informação, a atenção deste artigo visa apenas à convergência em telecomunicações.

Convergência tecnológica
O ponto de partida para o fenômeno da convergência tecnológica é, evidentemente, a viabilidade de desenvolvimento e comercialização em grande escala de soluções de tecnologia convergentes, sejam redes, serviços ou terminais.
Convergência de redes
É a unificação entre duas ou mais redes de comunicação distintas numa única rede capaz de prover os serviços antes prestados pelas diversas redes.
Um dos primeiros exemplos é a convergência entre redes de voz e dados, inicialmente através de tecnologia RDSI e, mais recentemente, pela tecnologia XDSL. Outro exemplo de convergência a ser considerado seria entre voz e fax, ainda anterior, que começou a ser empregue em escala comercial na década de 1970. Todavia, é questionável se se trata de verdadeira convergência, já o fax, como o conhecemos hoje, sempre se utilizou da rede de telefonia, ao contrário das redes de dados que tiveram uma origem independente.
Ultimamente, aos serviços de voz e dados tem incluído serviços de vídeo e/ou multimídia. Muitos desses serviços não existiam antes de se começar a falar em convergência de redes, por isso pode-se dizer que já "nasceram convergentes", como IPTV (que, a despeito do nome, é diferente de simplesmente enviar a transmissão da televisão analógica tradicional por protocolo IP). A oferta combinada de serviços de voz, Internet banda larga e televisão recebe o nome de Triple play, embora esse termo tenha origem no marketing e seja um modelo de negócios para comercialização dos produtos e não uma solução ou padronização tecnológica.
Convergência fixo-móvel
Nos anos 1990 começou a falar-se na convergência entre telefonia fixa e móvel, mas sem resultados práticos. Uma década depois o assunto ressurge, ainda sem uma definição clara do que seria tal convergência, embora se possa dizer, em linhas gerais, que "tem como objetivo disponibilizar serviços convergentes pelos ambientes fixo, móvel e Internet"2 .
Atualmente, as operadoras de telefonia enfrentam desafios para desenvolver estratégias para convergência fixo-móvel. As tecnologias que recebem mais atenção (Unlicensed Mobile AccessIP Multimedia Subsystem) são centradas na própria rede e estão em estágio imaturo, despendendo esforços que divergem da real necessidade da prestação efetiva de serviços para competir com outros provedores como Skype. Ainda falta demanda de mercado consistente, tanto de consumidores quanto empresas2 .
Yankee Group publicou um estudo que identifica quatro estágios sucessivos na convergência fixo-móvel3 :
1.    Convergência por pacotes (packaging convergence): Forma mais básica de convergência que consiste simplesmente na oferta comercial de telefonia fixa e móvel num único pacote de serviços. Não há integração entre tecnologias, mas unificação do atendimento ao consumidor e cobrança de faturas.
2.    Convergência de recursos (feature-based convergence): Integração de recursos que, anteriormente, existiam apenas para telefones fixos ou móveis. Pode-se citar funcionalidades de transferência automática de chamadas direcionadas para um telefone fixo (como na residência do cliente) para seu celular ou vice-versa, bem como caixa de mensagens de voz integrada.
3.    Convergência de produto (product convergence): Convergência resultante da redundância entre produtos fixa e móvel, fazendo com que efetivamente se tornem um só. É um amadurecimento da convergência de recursos, pois à medida que começam a ser oferecidos em um produto recursos que só eram disponíveis no outro (por exemplo, suporte a E911 em telefones móveis e melhoria do sinal dentro das residências), a telefonia fixa tende a cair em desuso.
4.    Convergência total (seamless convergence): Quando a experiência do usuário ocorre de maneira transparente, coesa, contínua. Pode-se mudar de localização ou terminal sem sobressaltos, mantendo acesso às mesmas informações e serviços. A mesma agenda de contatos telefônicos, perfis e configurações ou arquivos multimídia estariam sempre disponíveis e sincronizados seja no telefone móvel, PDA ou computador desktop (PC).


Convergência de serviços
É a disponibilização de um mesmo serviço através de diferentes meios de comunicação.
Há fortes razões para que serviços de telecomunicação terem se desenvolvido como silos estanques, centrados na sua própria tecnologia. No cenário tecnológico existente no nascimento dessas empresas, não havia nenhuma possibilidade de se utilizar a rede de telefonia fixa para, por exemplo, rádio-novelas. Em conseqüência, os modelos de negócio fundiram serviços com redes físicas: empresas de televisão produzem conteúdo, mas também são as proprietárias das antenas de difusão e, não menos importante, das faixas de freqüência utilizadas. Se por um lado, se compreende como as empresas chegaram nessa posição, não há suporte tecnológico para explicar os modelos de negócio completamente verticais adotados por muitas delas. É notório o caso da AT&T, monopolista de fato da telefonia fixa nos Estados Unidos por décadas, e que implementou uma política que proibia a conexão de terminais que não fossem produzidos por ela mesma. Muitas inovações de terceiros deixaram de ser lançadas até que o governo americano forçou a companhia a alterar essa posição. Caso semelhante ainda acontece com operadoras de telefonia móvel que restringem a conexão à rede de celulares exclusivamente comercializados por ela mesma, além de barrar funcionalidades que não estão alinhadas com seus interesses. Por exemplo, uma rede americana desabilita a funcionalidade Wi-Fi dos celulares porque essa facilidade interfere com seu serviço de distribuição de músicas.

SOBREPOSIÇÃO DE SERVIÇOS
Dado esse cenário, poderíamos dizer que as operadoras de serviços de telecomunicação adotam estratégias de inovação defensivas na medida em que a convergência de serviços deve acontecer pela implantação de serviços incrementais derivados da plataforma tecnológica existente. Unânimes, todas querem a convergência, desde que sob seu comando. Redes de telefonia implantam serviços de TV, redes móveis oferecem "números fixos" e assim por diante. O resultado é ineficiência e redundância. É como se tivéssemos diversas redes de distribuição de energia elétrica em uma mesma cidade, cada uma com uma tecnologia diferente, competindo pelos mesmos serviços e usuários.
A constituição de infra-estruturas básicas com tal nível de redundância e ineficiência parece não fazer sentido. Por que faria para telecomunicação? Uma solução seria, como acontece com a energia elétrica, adotar uma infra-estrutura única para a transmissão de informação? Como isso poderia ser aceito, se a situação anterior de monopólio foi apontada como uma das razões da baixa inovação e da ineficiência dos serviços por muitos anos? Não foi justamente a concorrência que estabeleceu um ciclo de inovação em setores estagnados por anos de jugo monopolista? Essas questões, entretanto, escondem um erro de pressuposto. Como os modelos de negócio, derivados de cenários tecnológicos já superados, fundiram serviços às infra-estruturas, o monopólio da infra-estrutura implicava no monopólio do serviço. O cenário tecnológico já disponível torna esse pressuposto errado. Existe a possibilidade de se separar serviços da infra-estrutura que os suportam. O monopólio territorial de um prestador de infra-estrutura, análogo ao fornecedor de redes elétricas, obteria escala, eficiência e o retorno econômico suficiente para manter seus sistemas em sintonia com as necessidades dos usuários. A concorrência ocorreria agora nos prestadores de serviço que poderiam dispor de uma infra-estrutura padronizada e de alta capacidade. Essa discussão, incipiente no Brasil, já ocorre nos Estados Unidos sob o tema "neutralidade de redes (network neutrality). Claro que um modelo que separe a infra-estrutura dos serviços altera radicalmente os modelos de negócios atuais. Não se advoga aqui a pura e simples revisão dos modelos estabelecidos, mas me parece fundamental repensar o assunto para evitar que, após a encarniçada luta que estamos presenciando hoje, surja um novo monopólio vertical, com as conseqüências já conhecidas.
O segundo fator que influencia diretamente a inovação do setor diz respeito às instituições e normas que regulamentam os serviços de telecomunicação. Criado para proteger os usuários, o sistema regulatório é lento e complexo pela própria natureza de seu processo, público e "neutro". Apesar disso, verdadeiros embates ocorrem nesses organismos entre representantes interessados em transformar suas próprias tecnologias nos padrões que serão adotados. Além disso, o sistema acaba sendo um fator impeditivo para a inovação ao obstar o lançamento de quaisquer novas tecnologias sem o prévio regulamento.
Fonte:

http://inovacao.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-23942007000600008&lng=pt&nrm=is 

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